sábado, 28 de novembro de 2009

Mario Quintana e Búzios




Estava, como sempre, sonhando e pensando em viagens para 2010 e me encantei com alguns sites.
Não só por causa da novela das oito(confesso: adoro novela!), mas sempre tive vontade de conhecer Búzios. E então, pensando em Búzios, lembrei-me de um poema do Quintana, que compartilho aqui:


OBSESSÃO DO MAR OCEANO

Vou andando feliz pelas ruas sem nome...
Que vento bom sopra do Mar Oceano!
Meu amor eu nem sei como se chama,
Nem sei se é muito longe o Mar Oceano...
Mas há vasos cobertos de conchinhas
Sobre as mesas... e moças na janelas
Com brincos e pulseiras de coral...
Búzios calçando portas... caravelas
Sonhando imóveis sobre velhos pianos...
Nisto,
Na vitrina do bric o teu sorriso, Antínous,
E eu me lembrei do pobre imperador Adriano,
De su'alma perdida e vaga na neblina...
Mas como sopra o vento sobre o Mar Oceano!
Se eu morresse amanhã, só deixaria, só,
Uma caixa de música
Uma bússola
Um mapa figurado
Uns poemas cheios de beleza única
De estarem inconclusos...
Mas como sopra o vento nestas ruas de outono!
E eu nem sei, eu nem sei como te chamas...
Mas nos encontramos sobre o Mar Oceano,
Quando eu também já não tiver mais nome.

Mario Quintana - O Aprendiz de Feiticeiro


Adoro Mario Quintana e penso sempre nele, naquele poeminha curto:

A VERDADEIRA ARTE DE VIAJAR

A gente sempre deve sair à rua como quem foge de casa,
Como se estivessem abertos diante de nós todos os caminhos do mundo.
Não importa que os compromissos, as obrigações, estejam ali...
Chegamos de muito longe, de alma aberta e o coração cantando!

Mario Quintana - A verdadeira cor do invisível


Eu tento seguir o conselho do poeta, mas só consigo isso fora de SP.
Por isso, depois de Búzios, comecei a sonhar com Ilha Grande.
Uma viagem curta, que por ser perto de SP não fica tão caro e tem boas opções de hospedagem em preços muito atrantes (o fim de semana, para um casal, sai em média R$ 450).
E já que sonhar ainda não custa, acabei pesquisando viagens para Noronha. Com passagens para Recife pela Azul a partir de R$ 79 ( numa quinta, claro!) dá para fazer uma viagem de SP/Recife/Noronha/Recife/SP por menos de R$ 1600 ( 4 dias, passagens, hospedagem e taxas). Ai ai, é ou não é tentador?

Dicas de sites:
Ilha Grande
www.ilhagrande.org
Búzios
www.buziosonline.com.br
Noronha:
www.ilhadenoronha.com.br

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Viagens de fim de ano

Ai, fim de ano chegando, aquela época em que a gente está tão cansada de tudo que a úncia coisa que nos anima é uma viagem, ou a proximidade dela.
Vale sonhar com Punta Cana, mesmo que vá para um hotelzinho barato pertinho de casa. Vale sonhar com um all inclusive, mas só conseguir ir para um albergue... Vale fazer planos de que no ano que vem será diferente, e acreditar nisso.
Férias é a melhor coisa de trabalhar e estudar: saber que via haver uma pausa, um momento só nosso.
Tudo isso para dizer que meus quinze dias de férias por ano estão chegando...
Graças a Deus!
É por isso que eu adoro o mês de dezembro!

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Aventuras e Informações




Amo o período de preparação para uma viagem. A pesquisa de destinos, hoteis, atividades, tudo isso permite uma viagem tão divertida (ou mais) quanto a concretização da viagem.
Com a internet é possível saber muitos detalhes sobre cada cidade, cada passeios, pesquisar a opinião de blogueiros que já foram e isso é muito bom. Mesmo assim, para alguns lugares, faltam informações claras.




Creio que as secretarias de turismo deveriam investir mais em informação. Porque estamos acostumados com publicidade, ou seja, em ver materiais nos quais só aparecem as vantagens de determinados lugares... Isso sem falar nas viagens patrocinadas de jornalistas para determinados destinos, que já tem certo efeito no resultado do texto (afinal o jornalista chega lá e é atendido como jornalista, não como hóspede e, como convidado, sua matéria fica cada vez mais comprometida).
E a falta de informações reais acaba espantando turistas, ou deixando uma sensação de insegurança.
Por exemplo: a maioria das pessoas tem a impressão de que Bonito é lugar de aventura, impróprio para quem vai com crianças ou deficientes. E não há um lugar com informações precisas, com indicações de passeio por perfis. Entre as agências, há até contradições sobre indicações de passeios.
Quando decidimos ir para Bonito, num grupo com pessoas de 3 a 86 anos, recebi várias contra-indicações. Todas infundadas.
Claro que não fizemos rapel no Abismo Anhumas, mas fomos no Parque das Cachoeiras e todos subiram sem problemas a trilha de mil e setecentos metros.
Já na Gruta do Lazo azul, só havia a restrição/proibição para menores de cinco anos. Graças a Deus minha avó desistiu de ir de última hora: o passeio exige bom preparo físico, equlíbrio, um bom calçado (de preferência um tênis de escalada) e uma dose extra de coragem. A vista lá embaixo compensa, mas o percurso não é para qualquer um. Cheio de pedras molhadas e num ambiente com pouquíssima luz (o que varia de acordo com o horário e a estação do ano), deveria ter indicações claras e restrições, para evitar acidentes.
Enfim, a falta de informações claras afasta turistas que poderiam desfrutar de uma cidade com muita estrutura, natureza linda e atrações para todos os perfis (inclusive para deficientes!).

Fotos: Minha avó, de 86 anos, e meu sobrinho, de 5, em Bonito. Acervo pessoal.

Dicas
Antes de programar uma viagem com idosos, crianças e deficientes, ligue para o hotel e pergunte sobre as questões de acessibilidade, as opções de lazer e até serviços médicos de emergência no local. Os sites nunca falam sobre isso.
Em Bonito, escolha o hotel Zagaia, com muitas rampas, lazer para todas as idades e funcionários atenciosos!

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Rio de Janeiro e Acessibilidade


Hoje continuo escrevendo sobre uma das minhas cidades favoritas: Rio de Janeiro.
O Rio da Bossa, das crônicas de Rubem Braga e de tanta poesia (deve ser a cidade mais inspiradora do mundo!) agora tem a missão de tornar-se também uma cidade mais acessível.
Com os jogos olímpicos e paraolímpicos de 2016, torna-se urgente melhorar as condições de acessibilidade e transporte na cidade maravilhosa. Segundo consta, há poucos ônibus acessíveis e muitas calçadas que impedem o acesso de pessoas com mobilidade reduzida.
Mas já coisas a comemorar. No forte de copacabana, por exemplo, já é possível chegar à confeitaria colombo e desfrutar de uma linda paisagem. Subir no pátio dos canhões ainda não é missão para todos!

Como já disse aqui, a cidade é privilegiada em edificações militares. Aliás, para quem quiser saber mais a respeito eu recomendo a leitura de "Muralhas de pedra canhões de bronze e homens de ferro", do Professor Adler Homero Fonseca de Castro, lançado em São Paulo dia 10 de novembro. A obra traz detalhes da construção das fortificações na cidade do Rio de Janeiro.
No Rio de Janeiro, essas fortificações oferecem vistas privilegiadas da cidade. Ir ao Forte de Copacabana e à Fortaleza de Santa Cruz é um passeio tão imperdível quanto o Pão de Açúcar.
Entretanto, se no Cristo Redentor e no Pão de Açúcar a estrutura para deficientes e pessoas com mobilidade reduzida é muito boa (o que inclui elevador e funcionários preparados), nas edificações militares isso nem sempre acontece. A Fortaleza de Santa Cruz, por exemplo, é tombada pelo IPHAN e as reformas para garantir a acessibilidade são sempre muito complicadas.
O lado bom da história é que o Ministério da Cultura, por meio da Lei Rouanet, tem exigido que os projetos de reforma e restauro incluam as questões de acessibilidade. Ou seja: para encontrar patrocinadores para as obras de restauro nos patrimônios, os proponentes precisam encontrar soluções para, mesmo nos prédios tombados, garantir o acesso de todos. É ou não é um motivo para comemorar?
No Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, no Aterro do Flamengo, reformado há pouco tempo pela FUNCEB, já há um elevador e banheiros adaptados.
Claro, ainda há muito a ser feito, e em pouco tempo (afinal sete anos passam muito rápido) mas já é um início e com o incentivo financeiro, creio que muitas coisas ainda virão!
Vamos conferindo!

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Estado da Guanabara


Conheço um pouco de cada país pela literatura. E mesmo quando já estive na cidade, adoro como a literatura nos permite outras viagens.
Sou apaixonada pelo Rio de Janeiro, por isso escolhi a crônica do Vinicius como uma homenagem à cidade. Porque realmente ser carioca é um estado de espírito.

Estado da Guanabara

Um repórter me telefona, eu ainda meio tonto de sono, para saber se eu achava melhor que o Distrito Federal fosse incorporado ao Estado do Rio, consideradas todas as razões óbvias, ou se preferia sua transformação no novo Estado da Guanabara. Sem hesitação optei pela segunda alternativa, não só porque me parece que o Distrito Federal constitui uma unidade muito peculiar dentro da Federação, como porque vai ser muito difícil a um carioca dizer que é fluminense, sem que isso importe em qualquer desdouro para com o simpático estado limítrofe. O negócio é mesmo chamar o Distrito Federal de Estado da Guanabara, que não é um mau nome, e dar-lhe como capital o Rio de Janeiro, continuando os seus filhos a se chamarem cariocas. Imaginem só chegarem para a pessoa e perguntarem de onde ela é, o ela ter de dizer: "Sou guanabarino, ou guanabarense"... Não é de morte? Um carioca que se preza nunca vai abdicar de sua cidadania. Ninguém é carioca em vão. Um carioca é um carioca. Ele não pode ser nem um pernambucano, nem um mineiro, nem um paulista, nem um baiano, nem um amazonense, nem um gaúcho. Enquanto que, inversamente, qualquer uma dessas cidadanias, sem diminuição de capacidade, pode transformar-se também em carioca; pois a verdade é que ser carioca é antes de mais nada um estado de espírito. Eu tenho visto muito homem do Norte, Centro e Sul do país acordar de repente carioca, porque se deixou envolver pelo clima da cidade e quando foi ver... kaput! Aí não há mais nada a fazer. Quando o sujeito dá por si está torcendo pelo Botafogo, está batendo samba em mesa de bar, está se arriscando no lotação a um deslocamento de retina em cima de Nélson Rodrigues, Antônio Maria, Rubem Braga ou Stanislaw Ponte Preta, está trabalhando em TV, está sintonizando para Elizete.

Pois ser carioca, mais que ter nascido no Rio, é ter aderido à cidade e só se sentir completamente em casa, em meio à sua adorável desorganização. Ser carioca é não gostar de levantar cedo, mesmo tendo obrigatoriamente de fazê-lo; é amar a noite acima de todas as coisas, porque só a noite induz ao bate-papo ágil e descontínuo; é trabalhar com um ar de ócio, com um olho no ofício e outro no telefone, de onde sempre pode surgir um programa; é ter como único programa o não tê-lo; é estar mais feliz de caixa baixa do que alta; é dar mais importância ao amor que ao dinheiro. Ser carioca é ser Di Cavalcanti.

Que outra criatura no mundo acorda para a labuta diária como um carioca? Até que a mãe, a irmã, a empregada ou o amigo o tirem do seu plúmbeo letargo, três edifícios são erguidos em São Paulo. Depois ele senta-se na cama e coça-se por um quarto de hora, a considerar com o maior nojo a perspectiva de mais um dia de trabalho; feito o quê, escova furiosamente os dentes e toma a sua divina chuveirada.

Ah, essa chuveirada! Pode-se dizer que constitui um ritual sagrado no seu cotidiano e faz do carioca um dos seres mais limpos da criação. Praticada de comum com uma quantidade de sabão suficiente para apagar uma mancha mongólica, tremendos pigarreios, palavrões homéricos, trechos de samba e abundante perda de cabelo, essa chuveirada -- instituição carioquíssima restitui-lhe a sua euforia típica e inexplicável: pois poucos cidadãos poderão ser mais marretados pela cidade a que ama acima de tudo. Em seguida, metido em sua beca de estilo, que o torna reconhecível por um outro carioca em qualquer parte do mundo (não importa quão bom ou medíocre o alfaiate, de vez que se trata de uma misteriosa associação do homem com a roupa que o veste), penteia ele longamente o cabelo, com gomina, brilhantina ou o tônico mais em voga (pois tem sempre a cisma de que está ficando careca) e, integrado no metabolismo de sua cidade, vai a vida, seja para o trabalho, seja para a flanação em que tanto se compraz.

Pode-se lá chamar um cara assim de guanabarino?




Vinícius de Moraes, carioca da gema, opina quando da polêmica mudança da capital federal para Brasília. Uma crônica bem humorada retratando bem o espírito de sua gente e da cidade.

Texto extraído do livro "Para Viver Um Grande Amor", Livraria José Olympio Editora – Rio de Janeiro, 1984, pág. 185.

Dica de viagem - esta foto foi tirada num dos lugares mais fascinantes que já visitei: a Fortaleza de Santa Cruz, em Niteroi. Infelizmente a acessibilidade lá não é das melhores, mas vale um esforço dobrado.
Mais informações em: http://www.funceb.org.br/espacoCultural.asp?materia=265

Viagens, muitas viagens!


Nos últimos tempos, o que mais me anima é planejar ( e realizar) viagens.
Como já dizia o poeta, Viajar é preciso. É preciso que a gente saia um pouco da rotina, que experimente mais, conheça outras pessoas, culturas, paisagens.
É o velho clichê: a vida é curta demais. E como não sabemos quando faremos uma viagem inesperada, é melhor preparar e curtir as viagens que podemos escolher.
Este ano está acabando, mas ainda reserva uma viagem especial: Bonito, na semana do natal.
Por isso, inicio este blog com uma imagem, uma lembrança e uma expectativa de uma grande viagem, sobre a qual ainda falarei muito por aqui: Bonito! (Na foto, uma bela paisagem do Parque das Cachoeiras - site www.parquedascachoeiras.com.br )