domingo, 7 de agosto de 2011

Renascer

Berlim, a cidade das mudanças



"O mundo é um cenário de mudanças; é ser constante numa natureza de inconstâncias".

Berlim é a cidade das mudanças. E é a minha cidade.
A cidade da diversidade, onde ninguém se incomoda com o outro.
Onde é possível andar sobre rodas.
A cidade com atrações para todos: parques, óperas na rua, museus de todos os tipos, passeios de barco, a pé, de ônibus e bicicleta.
A cidade que as pessoas amam e cuidam (tão diferente de São Paulo), onde tudo funciona, pontualmente.
E a cidade que soube se reconstruir, depois de ser completamente destruída pela guerra.
Uma cidade que foi dividida por um muro, que derrubou seu muro, abriu fronteiras e continua se renovando.
Uma cidade que não para de mudar, que não esquece seus problemas, seu passado. Pelo contrário, assume seus erros, tem orgulho de sua história, mas faz tudo para ser uma cidade nova, a cada dia.
Berlim é mais do que a cidade das mudanças: é um exemplo de que é possível recomeçar, sem apagar o passado, todos os dias!
Viva Berlim!

domingo, 19 de junho de 2011

Rumo à ilha desconhecida

Como sempre, acabo publicando menos no meu blog do que eu gostaria.
Agora, às vésperas da viagem, minha amiga Adriana Moraes postou em seu perfil no Facebook um texto que eu precisava compartilhar aqui.
É uma reflexão do Contardo Calligaris, psicanalista italiano e colunista da folha, sobre um conto do Saramago, a Ilha Desconhecida, sobre viagens, coragem e o amor.
Por essas e outras que eu amo Saramago.
Para quem se interessar, o conto do Saramago está disponível em: http://www.releituras.com/jsaramago_conto.asp

O amor e a viagem nos fazem descobrir que há algo, em nós, que não conhecíamos até então


Encontrei a melhor definição do que é viajar numa maravilhosa e breve fábula de José Saramago, que acaba de ser publicada, “O Conto da Ilha Desconhecida” (Companhia das Letras). O protagonista explica assim seu desejo: “Quero encontrar a ilha desconhecida. Quero saber quem eu sou quando nela estiver”.

Viajar é isto: deslocar-se para um lugar onde possamos descobrir que há, em nós, algo que não conhecíamos até então. Sem estragar o prazer dos leitores, só direi que, no fim da fábula de Saramago, talvez o protagonista não encontre sua ilha, mas ele encontra uma mulher. A moral da história é incerta, entre duas leituras opostas.

Primeira leitura: quem casa não viaja (a não ser de férias); casar-se é desistir de viajar. É o que pensam, com freqüência, homens e mulheres casados. E é também o que os leva, às vezes, a se separarem. Quando achamos que o outro nos impede de viajar, ou seja, que ele nos priva da aventura de descobrir o que poderia haver de diferente em nós, o casal se torna nosso inimigo. Claro, na maioria dos casos, acusamos o casal de uma inércia que é só nossa.

Segunda leitura: o protagonista descobre que a mulher ao seu lado é a própria ilha desconhecida que ele procurava e que a verdadeira viagem é o encontro com um outro amado. Faz todo sentido, pois o amor e a viagem, em princípio, têm isto em comum: ambos nos fazem descobrir em nós algo que não estava lá antes. O outro amado nos transforma. Tanto quanto a chegada numa terra incógnita, ele nos revela algo inesperado em nós.

Por isso, aliás, o viajante e o amante podem esbarrar em problemas análogos: às vezes, ao sermos transformados pela viagem ou pelo amor, não gostamos do que encontramos, não gostamos dos efeitos em nós do amor ou da viagem. Essa é, em geral, a única razão séria para se separar ou para voltar da viagem.

Moral dessa coluna (e talvez da fábula de Saramago): os outros não são nenhum inferno, são uma viagem. Agora, para amar, como para viajar, é preciso ter determinação e coragem.

*Contardo Calligaris é um psicanalista italiano radicado no Brasil. É colunista da Folha de São Paulo.

domingo, 10 de abril de 2011

Berlim, entre o passado e o futuro

Sabe quando você quer conhecer tanto um lugar que parece que há algo ser lá?
Essa minha história com a Alemanha, especialmente com Berlim.
Eu conheço nomes de ruas, já sonhei (algumas vezes) andando nessa cidade que me encanta de uma forma particular, apesar de ainda não a conhecer.
É como se eu tivesse vivido lá ou tivesse passado por experiências espirituais lá.
Claro que já passei: li livros sobre Berlim, alguns deles: mais novos, mais antigos...
Um em especial contava uma história que eu gostaria de ter escrito: "Um Brasileiro em Berlim", de João Ubaldo Ribeiro.
Ele narra, em crônicas, o período que viveu na cidade como leitor do DAAD. Com seu bom humor de sempre, ele fala das diferenças culturais, da história da cidade, dos alemães e da vida pós-muro.
Como ele já foi há 20 anos, eu creio que vou ver Berlim muito diferente da que ele narra... Mas claro que vou revisitar (porque eu já visitei, mentalmente ou pela internet) lugares que ele menciona.
A capital que tem a história recente mais apaixonante do planeta, que já foi símbolo da guerra fria, me aguarda em pouco mais de dois meses!
Volto depois ao blog para contar detalhes, imagens e histórias!
Enquanto isso, sugiro que leiam o João Ubaldo... Narrativa mais leve e deliciosa não existe!

sábado, 9 de abril de 2011

Instruções para a liberdade

Comecei a ler o livro Comer, Rezar, Amar em busca de informações sobre Roma. Adoro livros que contem viagens, por isso decidi vencer meu preconceito contra bestsellers e decidi encarar.
Bem, em primeiro lugar tenho que dizer que meu problemas com bestsellers é antigo. Sigo a lógica de que o que é muito vendido é muito ruim. Afinal, a fórmula do sucesso é escrever textos simplistas, o que reduz as chances de um bom texto. Para vender muito é preciso escrever historinhas de amor com final feliz, ou histórias para adolescentes, o que normalmente não me agrada muito.
Por esse motivo, demorei a ler O caçador de pipas, assim como A menina que roubava livros e O Guardião de Memórias. Embora, quando os lera, tenha gostado muito.
O Caçador de Pipas usa um tema que atrai o interesse geral: o sofrimento no Oriente, envolvendo uma criança, com a guerra com a questão política (a guerra, o 11 de setembro) como pano de fundo. No segundo, muda a localização, mas não a forma de envolver: uma guerra, uma criança, sofrimento... Mesmo assim, gostei dos dois livros.
Voltemos ao Comer, Rezar, Amar. A parte de Roma não me despertou muito interesse. A cidade é pano de fundo, pouquíssimo explorada: a comida é o tema principal e daí, sim, consegui algumas dicas anotadas em meu caderninho para a viagem de junho.
Foi na segunda parte do livro, entretanto, que me identifiquei mais... Na busca pelo autoconhecimento, um amigo dá à Liz um papel com "instruções para a liberdade". Ele a havia levado até um lugar bem alto, de onde era possível se ver como uma parte do infinito, do universo, e contemplar sua beleza.
Reproduzo aqui alguns trechos dessas"instruções", que pretendo repetir, como um ritual, no Corcovado. Afinal, eu também preciso me livrar de alguns fantasmas.

1. As Metáforas da vida são as instruções de Deus.
2. Você acaba de subir até o topo do telhado. Não há nada entre você e o infinito. Agora, liberte-se.
3. O dia está terminando. É hora de alguma coisa que foi bonita se transformar em outra coisa que também seja bonita. Agora, liberte-se.

(...)
10. Quando o passado finalmente tiver saído de você, liberte-se. Depois desça e comece o resto da sua vida. Com grande alegria.

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Fica a dica: é uma história de uma mulher escrita para mulheres, com todas os clichês que isso implica. Mesmo assim, vale a leitura!

Proust, reflexões e um pouco da Bahia



A verdadeira Viagem de Descobrimento não consiste em procurar novas paisagens, mas em ter novos olhos.

Marcel Proust

Minha busca pelo descobrimento sempre passa por novas viagens, novas paisagens.
Não sei se minha rotina é maluca demais, não me sobra tempo para olhar ao redor, então sair das minhas fronteiras tem também um sentido metafórico que sempre funciona muito bem para mim.
E foi assim, depois de um ano de muito desgaste, que comecei a planejar a minha viagem de fim de ano em 2010.
O planejar para mim é tão prazeiroso quanto a viagem em si. Pesquisei resorts all inclusive, porque nas férias eu busco liberdade e ausência de preocupações.
Como meu orçamento não era muito extenso, optei pelo Resort La Torre, em Porto Seguro, divisa com Santa Cruz Cabrália. Um resort simples, com estrutura simples, mas muito agradável.
A comida, o serviço, os quartos e a localização: pra mim tudo foi perfeito. Viajei com minha filha, minha irmã, meu sobrinho e três amigas, uma delas também com o filho.
Foram sete dias fantásticos, com um céu tão bonito quanto em Bonito e fronteiras que me levaram para uma região muito mais distante do que eu estava, geograficamente.
Sim, era o berço de descobrimento e para mim foi também um "redescobrimento"... Uma volta a sonhos antigos que me levarão, logo mais, a capitais como Berlim, Paris e Roma.
Não achei, ainda, meu Porto Seguro. Mas a viagem do "redescobrimento" apenas começou. Próxima parada: Berlim!

sábado, 5 de março de 2011

Um pouco de poesia



Saudades de postar no meu blog... Pretendo voltar, aos poucos.
Nos últimos tempos tenho estado mais quieta, mais observando do que falando.
E acho que vou usar esse espaço para desabafar, para escrever sobre meus sentimentos, angústias e planos.
Não vou fugir do meu tema central, naturalmente... Porque eu viajo o tempo inteiro. Nos planos que faço (mesmo os irrealizáveis), nas viagens que planejo e nas que executo.
2011 é um ano em que pretendo viajar muito.Muitas emoções a caminho.
Em abril quero ir ao Rio de Janeiro; em junho, à Europa.
Tenho lido muitos blogs, mas o principal é o o Viaje na Viagem, que tem todas as informações sobre todas as viagens que sonhos fazer... Meu Deus, o Ricardo Freire é fantástico, detalha tudo, traz dicas preciosas.
Fecho a primeira postagem do ano com um poema do Drummond... meu companheiro de muitas viagens.
Querido, vou te visitar em breve, em Copacabana OK?
Por hoje fico com o poema e com a imagem da cidade que mais amo no Brasil.
Até breve!

Mãos dadas


Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considere a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história.
Não direi suspiros ao anoitecer, a paisagem vista na janela.
Não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida.
Não fugirei para ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente